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Olhares Olhares 2015

Ao brincar ampliamos nosso repertório

Uma conversa com Guilherme Blauth

O livro do Guilherme “Jardins de Brincadeira” está disponível online aqui.
O universo da brincadeira não pertence somente à infância. Todo mundo brinca. Adultos também necessitam brincar – e são as crianças que nos relembram disso.
Ao brincar ampliamos nosso repertório, improvisamos, experimentamos novas possibilidades. Os verbos do brincar são os da alegria: divertir, jogar, rir. Mas também são os verbos da criação e das artes: cantar, tocar, dançar, contar, parodiar, encenar, filmar, fotografar, desenhar. E ainda são aqueles que dão a dimensão do inefável: sonhar, imaginar, inventar…
Feliz de quem brinca com tudo: com as ideias, com as palavras, com os objetos que nos rodeiam, com a natureza, com o corpo, com os outros. Feliz de quem brinca consigo no íntimo da sua solidão, quem ri de si mesmo.
Ciranda: Compartilhe com a gente um pouco mais sobre a nossa oficina. Conte um pouco sobre o jogo que vamos conhecer.
Guilherme: Será uma oficina para brincar com dois jogos: o kablan e o cipó, ambos feitos com materiais coletados na natureza e em descartes de marcenaria. São jogos abertos que podem ser vivenciados de diversas maneiras. Esse aspecto “múltiplo” será um ponto focal desta vivência. A dinâmica deste jogos é tão simples que convida pais e educadores a criar jogos similares com seus filhos, alunos e crianças que façam parte de suas vidas.
Ciranda: Qual a relação do brincar com os elementos da natureza? O que são os jardins de brincadeiras?
Guilherme: Os elementos da natureza fornecem as brincadeiras mais incríveis, veja só alguns exemplos: os barcos que as crianças do ceará fazem e podem ser vistos no filme “Território do Brincar”, que estreia na Ciranda de Filmes, um cipó para ir de um lugar a outro na floresta, uma fogueira acesa no fim da tarde, um banho de lama. São experiências fundamentais que nos conectam com a nossa essência.
Jardim de brincadeira é, na verdade, qualquer jardim. Qualquer planta, inseto, pássaro é um prazer para os sentidos. O que fiz, nos útimos anos, foi olhar para espécies botânicas com potencial de encantamento extremo, como o dente-de-leão. E pensar como espaços privados e públicos poderiam ter um paisagismo com essa intenção.
A brincadeira para o adulto cria beleza e alegria na vida, torna o mundo mais sensível e humano e o indivíduo mais conectado consigo mesmo, com o seu propósito. Para a criança a brincadeira está intimamente ligada à aprendizagem, àquilo que ela realmente deseja aprender. E naturalmente – se ela puder brincar livre no seu tempo/espaço – ela se permite expressar criativamente e se recriar constantemente, perceber seus potenciais e limitações.

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