“Os jovens têm esse sentido de coragem, de imortalidade. Eu acho que os adultos secretamente sentem inveja disso, inveja desse momento das suas vidas onde você pode passar os dias de verão curtindo com os amigos esses momentos de descuido, de despreocupação.”
“Virando adulto” do diretor Ross Killen é um filme que fala sobre a juventude e o crescimento nas horas de descuido. O filme é um retrato muito habilidoso sobre uma juventude de Dublin.
Os adolescentes pulam, correm, se empurram e se elevam. Uns segundos no ar e então submergem na água de um canal sujo, infestado de ratos e outros roedores. Durante vários anos, diversos jovens fizeram deste o seu lugar.
O tempo passa, os rostos mudam. O lugar continua o mesmo e todo verão está repleto de crianças.
A imagem em câmera lenta e em preto e branco são fortes opções estéticas. A memória marcada e sentida. Elas acompanham a cuidadosa composição da narração com as sonoridades desse lugar. A música completa o relato.
A voz nostálgica e poética evidencia a autenticidade da língua: é dela a função dramática e a aproximação com os signos desta cultura e idioma. A voz é um recurso valoroso para nos mostrar o que está acontecendo. Uma narrativa de memórias de um adulto que foi jovem, desfrutou desse lugar e lembra dele com tranquilidade. Pelas palavras, entonações e nuances percebemos isso, percebemos sua história. Ainda que seja apenas uma voz, ela se múltipla em muitas vozes que compartilham um ritual de felicidade, sem forçar que este seja um momento determinante para outra etapa da vida.
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