“Redescobre-se a presença no mundo da infância” – Youssef Ishaghpour – crítico iraniano
Poético e singelo, o filme “Balão Branco”, de Jafar Panahi com roteiro de Abbas Kiarostami, conta a história de uma menina de 7 anos que consegue da mãe dinheiro para comprar um peixinho dourado em comemoração ao ano novo. Em uma verdadeira odisseia, a pequena Razieh vive uma série de ameaças dos adultos.
A verdade ou a previsibilidade da criança traduz-se pelo nosso olhar e repertório. O que os saberes infantis, e a sua relação com o mundo que, adverso, nos desafia a cada passo rumo ao nosso objetivo? Como a singeleza da infância que, em sua vulnerabilidade diante de tudo, é uma metáfora de todos nós? A solidão e os perigos, as representações que são universais e que, por outro lado, no contexto Iraniano, representam papeis sociais de sua complexa história e realidade. Em todas elas, quase sempre, a criança sempre expressa a fé pura no seu desejo, e outra crença pura que – mesmo em manifestações de desconfiança que nos educam a ter – sempre mostra a disposição infantil em tentar acreditar no outro. Assim, a pequena menina segue em frente. E a gente também.
A metáfora que resta, e que parece forte ao final, é da poética infantil: o balão branco que “resgata” o peixe, a ideia de primavera que, não só no Irã, abre a alegria do novo e das esperanças renovadas.
O filme “Balão Branco” faz parte da Ciranda 2016, ano em que celebramos os mestres. Entendemos o cinema como um deles que, cheio de dimensões, nos ajuda a descobrir e dar sentido à nossa presença no mundo.
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Texto: Vanessa Fort