“Dentro da cabana é onde guardamos as coisas, mas fora é a nossa casa de verdade”, diz Kate, de oito anos de idade.
Em um esforço de se reconectar, a cineasta e mãe Suzanne Crocker e o seu marido deixaram seus trabalhos e, junto com suas três filhas, dois gatos e um cachorro, passaram nove meses vivendo em uma pequena cabana sem estrada de acesso, sem eletricidade e sem relógio. Situada em Yukon, no Canadá, a experiência é completamente filmada pela família. Em um tecer de vozes e experiências, assistimos uma suave e honesta narrativa da vida na natureza no filme “Todo tempo do mundo”.
A característica mais genuína de cada personagem é apresentada entre olhares atentos dos pais, fazeres e dizeres de todos: uma filha que é mais filosófica, a outra que é a mais sensível e a terceira que tem espírito livre e ótimo senso de humor; o pai que chora, a mãe que é forte. O brincar infantil transforma-se no brincar da família inteira: a construção e a invenção das coisas, as aventuras do lado de fora, as deliciosas comidas que todos ajudam a criar e a comer, a composição de sonhos e fantasias coletivas. Um retrato de um cotidiano contado no tempo alongado das estações e compartilhado profundamente.
As três filhas são muito estimuladas à leitura, com brincadeiras de livrarias e lojas de mentirinha. Em uma de suas aventuras literárias, uma das meninas escreve uma carta de amor para o Percy Jackson, personagem de um dos seus livros favoritos. Em sua declaração, a pequena diz que quer se casar com o filho de Poseidon. A carta é depositada na caixa mágica de correio. Percy Jackson responde; ouvimos as doces palavras pela voz da mãe: ele aceita se casar nos sonhos e brincadeiras da menina. Eles se casam, tendo o pai e a mãe como guardiões de sua inocência e imaginação.
O filme e a vida são conduzidos pelo respeito e pela cumplicidade entre amigos que, pais, filhas e bichos, crescem e aprendem um com o outro e com a natureza.
Questões para pensar com o filme:
Você gostaria de viver no mato por nove meses? Você poderia viver sem eletricidade e comunicações? O que você sentiria mais falta? Como o viver no mato pode ajudar a trazer de volta o verdadeiro significado dos feriados? Por que é importante se reconectar com a natureza? O que limita a nossa capacidade de relaxar e desfrutar do nosso tempo com amigos e família?
O filme será exibido na sessão especial “A Natureza como Mestre”, realizada em parceria com Instituto Toca e o projeto “Criança e Natureza”, do Instituto Alana. Nesta sessão, Suzanne Crocker, diretora do filme, vai se juntar ao pesquisador da criança Gandhy Piorski para fazer uma reflexão sobre a importância do contato com a natureza para o desenvolvimento saudável e integral da criança, e como espaço primordial da brincadeira e da imaginação.
Para saber mais sobre o filme, clique aqui.
Texto: Vanessa Fort
Alguns trechos foram extraídos do material educativo do filme, que pode ser visto na íntegra aqui.