“Sinto-me nascido a cada momento para a eterna novidade do mundo.”, Fernando Pessoa
A criação poética acrescenta novas dimensões ao mundo. A vida não é um dado: a criamos e a vivemos por meio de nossas emoções e interações. Criar poesia, aquela que revela diariamente novas camadas e possibilidades, nos apoia a transcender a posição de meros narradores dos acontecimentos e do tempo. Não somos apenas narradores. As crianças também não são narradoras de discursos que adultos criam. O seu protagonismo está revelado nessa possibilidade de criar poesia e a si mesmo. Como favorecer a criação infantil de si mesmo e de sua realidade? As crianças que, em toda sua espontaneidade, penetram a poesia, criam e recriam sua realidade, subvertem normas, não concordam. A poesia pode florecer de um processo de recusas daquilo que desnatura a vida; uma beleza que, muitas vezes, é áspera.
Como podemos nos colocar atentos a essas expressões que, muitas vezes, negam normatizações, ou negam o olhar adulto que se impõe de maneira contundente e poderosa ao universo infantil?
Severino Antônio participou da Roda de Conversa: Protagonismo Infantil, na Ciranda 2015, que ainda contou com a participação de Lucilene Silva e Cacau Leite, como mediadora. Na ocasião, conversamos com Severino sobre as desobediências poéticas, aquelas que se apresentam para o exercício do que é genuíno em ser.
Sobre o Severino:
Graduado em Letras, mestre e doutor em Educação pela Unicamp. Há quarenta anos trabalha com ensino de Redação e Leitura, Literatura, Filosofia, e também dedica-se à formação de educadores. É professor do Programa de Mestrado em Educação Sociocomunitária da UNISAL-SP e autor de diversos livros, dentre eles: “Constelações – uma escuta poética da infância”; “Poetizar o pedagógico” e “Uma pedagogia poética para as crianças”.
Texto e entrevista: Vanessa Fort
Câmera: Vicky Romano
Foto: Aline Arruda/Ciranda de Filmes