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18/05/2015

Minha mãe é um avião!

Minha mãe é um avião, Rússia, 7 min, Dir.: Yulia Aronova.

Filme participante da Ciranda 2015.

A criança interpreta e significa com mediação de seu imaginário. Ela vive profundamente o que imagina e interpreta com seu repertório de significados e sonhos. Na maioria das vezes, quando já sabe identificar e nomear as coisas, defende suas invenções com milhares de argumentos.

“Minha mãe é um avião?” “O qué é um avião então?” “É algo grande, é uma máquina forte e voa!!!” “E isso tudo é uma mãe? “Sim”, pode dizer a maioria das crianças que amam o avião assim como a sua mãe. “Minha mãe é um avião e eu vou junto com ela”. Por quê? “Porque a minha mãe me ama e vai me amar sempre. Porque ela é perfeita, divertida, preciosa. Ela não tem medo nem chora. Ela é única, minha heroína. A mamãe é tudo.”

Nada mais simbólico do que associa-lá a melhor coisa de um imaginário de liberdade e força. Relação profunda e livre de qualquer obstáculo ou vedação. Aparentemente positivo, esse vínculo simbólico esconde um papel social com peso superestimado das exigências sofridas pelas mães. A sobrecarrega de responsabilidade transborda o vínculo com tonalidades negativas.

Mãe é gente como a gente, afinal. Como a criança descobre e significa isso também?

Esse avião poderoso representa o conjunto de qualidades da supermãe e ocupa – possivelmente – um lugar de frustração: o avião não voa o tempo todo. No entanto, essa engenhosa construção que a concentra num universo cheio de manifestações contrastantes esbarra na crise do avião-mãe que começa a se exigir e questionar seu papel na relação com o filho. Por mais que a questão exista, e que a mãe avião agora viaje para longe, o símbolo vale também para sua volta. Os sentimentos de confiança e cumplicidade se constrõem. A relação de gente com gente também, em animação!

Bom filme! 🙂