Olhares
Do pó da terra, barro de comunhão
07/06/2016
“O verdadeiro modelador sente, por assim dizer, animar-se sob seus dedos, na massa, um desejo de ser modelado, um desejo de nascer para a forma” – Gaston Bachelard.
“Do Pó da Terra” cria-se arte e comunhão. Onde os afetos e a tradição são forças que circulam pelos dedos da natureza de uma comunidade, junta-se o pó, faz-se o barro, vence a matéria, cria-se e concretiza-se imagens de mulheres e homens que se regeneram, concretizando suas fortalezas. As ausências e presenças, muitas vezes inconciliáveis, apresentam-se nesse grandioso Vale de nome Jequitinhonha.
>Os sonhos e as saudades criam rachaduras na terra e oferecem a matéria-prima para composição da vida. As ataduras de gerações, os partos de mães, as dores dos abandonos, a inspiração das memórias modelam as narrativas. Vidas compostas em artesanato.
O matriarcado dessas comunidades é tecido pelos braços, mãos e forças de mulheres. A ancestralidade brota desse chão que, mestre, vibra todo o valor da cultura que circula nos corpos desse lugar. Do trabalho pesado, envelhecem com a terra, misturam-se à ela, transformam-se nela, em fortalezas de barro.
Para saber mais sobre o filme, clique aqui.
Texto: Vanessa Fort