Coleção 2023

Os remédios urbanos e a sobre vivência de rage art

A arte feita na rua é um ato político, uma questão de sobrevivência ou uma maneira de cuidar da cidade? Ou tudo isso ao mesmo tempo? Tem uma ideologia ou uma estética que a definem?

O espaço público é, sem dúvida, o meio mais direto, plural e democrático para que os artistas façam com que sua mensagem chegue nas pessoas. A arte, de uma forma ou de outra, sempre foi política e crítica da realidade, mas, ao se mudar para o espaço público, não apenas a representa; intervém diretamente no cotidiano!

Sua crítica passa a não ser apenas teórica, e sim prática e funcional. Além de sensibilizar, por nos tirar da zona de conforto, arte no espaço público tem o poder de mudar a maneira como as coisas são de imediato, ainda que de maneira pontual e temporária, realizando todo o seu potencial.

Em 2010 foi criado o primeiro trabalho da série que mais tarde se tornaria o trabalho mais conhecido de rage art: os remédios urbanos.

Utilizando stencils e tinta spray o artista transformou um armário telefônico em uma caixa de remédio prometendo curar um dos maiores males da humanidade: A Hipocrisia.

A partir daí o artista continuou criando outros remédios, entre eles o Desapego®, trabalho feito propositalmente em frente a um cemitério.

Um ano depois, ironicamente, o Desapego® ainda estava por lá e o artista resolveu aproveitar o feriado de Dia de Finados para fazer outra intervençãono mesmo cemitério.

Desta fez foram criadas caixinhas de remédio em tamanho real, simulando uma caixinha de remédio verdadeira contendo uma bula explicativa ensinando como fazer o uso do Desapego®, e estas caixinhas foram espalhadas pelo cemitério e entorno.

Em pouco tempo este novo formato foi expandido para todos os outros remédios que o artista já havia criado e para os próximos que vieram.


Rage é artista visual, designer, artista de rua e músico experimental.

Começou sua trajetória artística intervindo no espaço público da cidade em 2005, partindo mais tarde para a produção de obras de arte, sempre na tentativa de cutucar as mentes humanas. Um de seus trabalhos mais reconhecidos são as caixas de remédio gigantes que o artista pinta nas ruas utilizando como suporte armários telefônicos ou estruturas pré-montadas.

Não segue nenhuma técnica específica, priorizando as ideias e conceitos de cada obra e adora abusar da ironia.

Para saber ainda mais:

Desapego ® – Dia de Finados (2011)

Desapego ® – Dia de Finados (2014)

Hipocrisil® no Conversa com Bial (Rede Globo)

Egocentril® no Capital Natural (Band News)