Olhares

A Itinerância da Ciranda

25/07/2019

A Ciranda de Filmes é a primeira mostra de cinema do Brasil com foco em infância, juventude e educação. Nasceu do desejo de sensibilizar, provocar e mobilizar educadores, pais e outros interessados em refletir sobre as primeiras etapas do desenvolvimento humano, fundamentando ações em prol do cuidado dessas fases tão fundamentais para o indivíduo e a sociedade.
Apostando na potência do cinema para tocar mentes e corações, ao longo das cinco edições, a Ciranda vem promovendo encontros para inspirar e promover trocas entre pensadores, educadores, artistas, cineastas e o público, enriquecendo e aprofundando a reflexão sobre os temas propostos a cada ano.
A mostra reúne filmes e experiências capazes de emocionar e fortalecer caminhos e utopias, ampliando a percepção de que não estamos sozinhos. Pelos quatro cantos do mundo, pessoas “cirandeiam” juntas, tecendo sonhos e histórias ricas em sentido, aprendizado e beleza.
Em nossa primeira edição itinerante, apostamos numa proposta de retrospectiva para celebrar essa nova jornada a partir dos eixos fundadores da mostra: nascimento e infância, espaços de aprendizagem e movimentos de transformação. Para isso, selecionamos alguns dos filmes que nos marcaram e retomamos as reflexões e os temas propostos nas edições anteriores: família, criança e natureza, protagonismo infantil, mestres, o que te nutre? e música, linguagem da vida.
Estamos muito felizes com a realização dessa primeira mostra itinerante, um importante passo para ampliar o acesso do público de diferentes regiões do país a uma pesquisa que vem sendo construída ao longo desses anos com o intuito de realizar o sonho de compartilhamento de ideias, assim como a troca de saberes.
Ciranda é um poema que se canta junto. Esperamos dar as mãos aos novos amigos que vamos encontrar no caminho e abrir uma grande roda para que juntos tenhamos mais força para emocionar e transformar.
Fica nosso convite para dançarmos juntos essa Ciranda!
Fernanda Heinz e Patrícia Durães

Ciranda de Filmes – Mostra Itinerante
Animação – Longas
As aventuras do avião vermelho – Frederico Pinto, José Maia  (2ª edição, 2015)Animação, Brasil, 2014, 73 min, livreO filme conta a história de Fernandinho, um menino de 8 anos que perdeu a mãe há pouco tempo, tornando-se um garoto solitário, sem amigos e com problemas de relacionamento com o pai e na escola. Sem saber como lidar com a situação, o pai tenta conquistá-lo com presentes. Nada funciona até que ele dá para o filho um livro de sua infância. A bordo do Avião Vermelho e junto com seus brinquedos favoritos, Fernandinho visita lugares inusitados, como a Lua e o fundo do mar, e percorre diferentes territórios. Ao longo dessa jornada, Fernandinho descobre o prazer da leitura, a importância de ter amigos e o amor do pai. Baseado no livro homônimo de Érico Veríssimo. 
Window horses, a poesia de Rosie Ming – Window Horses – Ann Marie Fleming(4ª edição, 2017)Animação, Canadá, 2016, 85 min, livre
Rosie Ming, uma jovem poeta canadense, é convidada para se apresentar em um festival de poesia em Shiraz, no Irã, mas preferiria ir a Paris. Ela vive na casa de seus avós chineses super protetores e nunca foi a nenhum lugar sozinha. Uma vez no Irã, ela se encontra na companhia de poetas e de Persas que contam histórias que a obrigam a confrontar o seu passado: o pai iraniano que ela acha que a abandonou e a natureza da própria poesia. O filme trata de construir pontes entre divisões culturais e geracionais. É um filme sobre ser curioso. Estar aberto. E encontrar a sua própria voz através da magia da poesia. 
Ficção – Longas
A Família Dionti – Alan Minas(4ª edição, 2017)Ficção, Brasil, Inglaterra, 2015, 96 min, livreUm filme emocionante, em que o fantástico e a realidade se equilibram e tecem juntos uma trama envolvente e cheia de surpresas. Nas muitas histórias por trás da história, a mãe apaixona-se, evapora e desaparece; Josué sonha com a volta da mulher a cada chuva, enquanto cria sozinho os dois filhos, Serino, que é seco e chora grãos de areia, e Kelton, que se derrete com a chegada de Sofia, uma garota de circo. “A Família Dionti” retrata de forma especialmente delicada o tema universal do primeiro amor.
Documentário – Longas e médias
Crescer – Grandir – Etienne Moine, Bernard Josse (2ª edição, 2015)Documentário, Equador, 2011, 104 min, livre”Crescer” é um documentário que nos convida a dividir o cotidiano de crianças que, aos poucos, recuperam sua dignidade violentada muito cedo. Redescobrimos com elas a alegria de viver em um ambiente cuidadosamente preparado, que as levará à reintegração familiar e social. “Crescer” nos mostra uma nova relação adulto-criança e nos confirma que é possível crescer de maneiras diferentes. 
Língua mãe – Fernando Weller, Leo Falcão (4ª edição,2017)Documentário, Brasil, 2011, 81 min, livreNaná Vasconcelos, um dos maiores músicos do Brasil e mais atuantes fora do país, sonhava reunir um grupo de crianças e fazer música com elas em sua língua materna: o português. Atravessou três continentes para encontrá-las e daí nasce Língua Mãe, projeto musical realizado em parceria com o maestro Gil Jardim. 
Mitã – Lia Mattos, Alexandre Basso (1ª edição, 2014)Documentário, Brasil, 2013, 52 min, livreMitã. Criança brasileira. O ser humano em sua dimensão criadora transcende o tempo despertando para as possibilidades de um “Mundo Novo”. Uma poética da infância inspirada por Fernando Pessoa, Agostinho da Silva e Lydia Hortélio, trazendo importantes ideias sobre educação, natureza, espiritualidade e a Cultura da Criança. 
Ô de casa – Clarisse Alvarenga (1ª edição, 2014)Documentário, Brasil, 2007, 70 min, LivreCrianças e adolescentes se apropriam de espaços públicos ociosos, no interior ou na capital do estado de Minas Gerais, para brincar de construir casinhas e cabaninhas. Em cada casinha, uma pequena história se passa: a visita indesejada de um menino que tudo bagunça; a possibilidade de fundar um espaço de individualidade recuado em relação ao espaço da família; a preparação do almoço pelas meninas enquanto os meninos vão caçar e colher palha; o desentendimento decorrente da partilha do espaço; e a reconstrução de uma casinha destruída. Fora desses ambientes, é possível entrever um mundo feito do tempo da memória dos que, no passado, brincaram ali naqueles mesmos espaços. 
Pare olhe escute – Kátia Lund(5ª edição, 2019)Documentário, Brasil, 2013, 52 min, livreA música invadiu as ruas e vielas e entrou pela janela das casas, dando cor e melodia a uma rotina, outrora tão opaca, na pequena cidade de Barra Mansa, interior do Rio de Janeiro. Desde que se iniciou o projeto Música nas escolas, promovido pela prefeitura da cidade, Barra Mansa nunca mais foi a mesma. Dirigido por Kátia Lund e produzido por Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi, o filme Pare Olhe Escute mostra, com sensibilidade, a rotina de jovens músicos ao realizarem o sonho de sair em turnê com a orquestra da cidade, acompanhada da pianista Simone Leitão, pelas principais salas de música do país. 
Terreiros do brincar – David Reeks, Renata Meirelles (4ª edição, 2017)Documentário, Brasil, 2017, 52 min, livreO filme retrata a participação de crianças em 12 grupos de manifestações populares em 4 estados brasileiros, e a sua relação com um brincar coletivo, intergeracional e sagrado. 
Documentário –  CurtasDisque Quilombola – David Reeks (1ª edição, 2014)Documentário, Brasil, 2012, 13 min, livreCrianças do Espírito Santo conversam de um jeito divertido sobre como é a vida em uma comunidade quilombola e em um morro na cidade de Vitória. Por meio de uma genuína brincadeira infantil, os dois grupos falam de suas raízes e revelam o quanto a infância tem mais semelhanças do que diferenças.
Meninos e Reis – Gabriela Romeu (3ª edição, 2016)Documentário, Brasil, 2015, 16 min, livreNo reisado, um dos folguedos mais populares do Cariri cearense, o palhaço pinta a cara de preto, crianças aprendem a jogar espada com destreza e meninas crescem como rainhas. Mas Maria, a rainha de um dos reisados mais tradicionais da região, está no último ano de reinado e encara o drama de passar a coroa para a irmã mais nova, vivendo um verdadeiro rito de passagem.
Mbyá Reko Pyguá, a luz das palavras  – Kátia Klock, Cinthia Creatini da Rocha(1ª edição, 2014)Documentário, Brasil, 2012, 18 min, livreA sensibilidade do povo Guarani em educar as crianças permanece viva apesar das influências da sociedade contemporânea. Mas os caminhos e esforços dos líderes espirituais e professores indígenas são marcados por dilemas, buscas, encontros e desencontros. Este registro todo gravado em Guarani na Aldeia Yynn Moroti Wherá, em Biguaçu, Santa Catarina, no sul do Brasil, comprova: espiritualidade, simplicidade e verdade são palavras que traduzem “a luz” dos Guarani no seu processo de educação. Waapa  – David Reeks, Paula Mendonça, Renata Meirelles (4ª edição, 2017)Documentário, Brasil, 2017, 22 min, livreO documentário propõe um mergulho inédito na infância Yudjá (Parque Indígena do Xingu/MT) e os cuidados que acompanham seu crescimento. O brincar, a vida comunitária e as influências de uma relação espiritual com a natureza são revelados como elementos que organizam o corpo-alma dessas crianças. 
Tjamparanjani – Era Uma Vez – Tjamparanjani  – Miko Meloni, Mahiriri Ossuka(3ª edição, 2016)Documentário, Itália, Moçambique, 2016, 34 min, livreDurante o primeiro episódio do programa de rádio Tjamparanjani! (Era uma vez, em língua macua) foram apresentados as poesias e os contos de todos os participantes do novo curso da Oficina de Arte. No bairro Natite, na cidade de Pemba (ao norte de Moçambique), alguns artistas locais dão aulas de arte aos mais jovens. Para incentivá-los, as avós também participam, contando suas fábulas populares: a cada “Tjamparanjani!”, deve-se responder “Shampatteke!”, mantendo o ritmo da contação de história. 
Uma nota só – Laís Bodanzky (5ª edição, 2019)Ficção, Brasil, 2012, 11 min, livreDe forma sutil e poética, a diretora Laís Bodanzky conduz o olhar do espectador por ruas e becos sonoros, onde caminham passos que parecem divergir da própria realidade. Mas esses caminhos, certo dia, não serão mais os mesmos…