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19/05/2015
O diferente que sou eu
Uma situação limite. Um menino encontra uma alcateia de lobos famintos diante de um animal morto e interage de forma inusitada: uiva como eles, chamando sua atenção. Um deles se dirige ao menino e surge o primeiro dilema: seria o menino uma ameaça ou seria ele um lobo? Ele está agindo instintivamente ou tentando se comunicar, por imitação? Uma espécie de crise que envolve identidade e sentimento de pertencimento é levada ao extremo. Um homem branco caçador intervém na situação, supostamente salvando-o de um ataque iminente.
O desenvolvimento da história reforça a dificuldade que temos em nos aproximar e nos relacionar com o diferente. O outro representa perigo, mistério e ameaça. Somos inseridos na fantasia com uma mistura de sentimentos e emoções.
Como conseguir se colocar frente-a-frente de quem não cabe em nossos padrões? Se cada pessoa é um mundo, quais códigos poderiam preservar uma convivência baseada na ética e não uma convivência normativa, que enquadra?
Muitas vezes, as normas de convivência são impostas de maneira constrangedora. O processo de adequação pelo qual passa o menino-lobo também o é. Do bullying ao aprender a sorrir, o menino se vê agora diante de uma “alcateia de crianças”. Surge um novo dilema: como reagir? De forma instintiva – ou na constituição da linguagem e seus processos – a decisão é tomada de acordo com sua natureza. Em seu gesto é revelado um retorno às suas raízes. Ao nos depararmos de maneira contundente com tantos dilemas, não há meias palavras: o limite da aculturação é o limite do respeito à natureza de cada um.
Feral trailer from Daniel Sousa on Vimeo.
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